quarta-feira, 1 de julho de 2009

O fantasma da carpintaria - parte 1

UM TEXTO EM 4 PARTES


Era uma quarta-feira à noite. Chovia. Uma chuva insistente que caía desde sexta-feira à tarde. Tinha sido um bom fim de semana para dormir. Marina e Francisco estavam em uma das salas do subsolo da universidade. Não costumavam ter aulas às quartas-feiras no horário das 19h às 21h, mas o professor tinha resolvido marcar uma aula extra e exigir presença. Nem Marina, nem Francisco podiam se dar ao luxo de ter mais faltas naquela matéria.

Quando enfim terminou a interminável aula, os dois tiveram que sair do bloco A e ir até o J. Marina tinha que dar os retoques finais em uma escultura na qual vinha trabalhando desde o início do semestre. Ela tinha combinado tudo com o Sérgio Carpinteiro e ele tinha emprestado a chave para ela poder usar a carpintaria do departamento até a hora que precisasse.

— Esse subsolo já é macabro durante o dia, agora então... Parece mais uma masmorra de Hogwarts que qualquer outra coisa... — Foi Francisco que começo a falar.

— Eu sei... Parece uma coisa de um filme de terror, sei lá. Dá até pra imaginar: — Marina começou a ter seus delírios criativos. Francisco sabia disso por causa do olhar vagamente psicótico da garota. — Uma lâmpada falhando, fazendo aquele zumbido de eletricidade, uma goteira caindo bem longe com um eco distante, escuridão atenuada por faixas de luz cruzando os corredores, a mocinha corre desesperadamente. Uma câmera na mão, filmando ela de frente. Atrás dela só um vulto ocasional num contra-luz tenebrosamente sinistro.

Nesse momento Marina já agitava as mãos no ar freneticamente, tinha o olhar perdido num ponto indeterminado e sorria um sorriso meio perturbado.

— Ta, mas o que acontece ate chegar nessa cena? Precisa de uma história, né? Nem que seja um cocô de história, precisa de uma.

— Ah, isso eu não pensei ainda, mas dá pra inventar alguma coisa depois. Francisco mudou de assunto, mas não tanto.

— Aquela sua carpintaria lá também é bem sinistra, né, não? Aqueles serrotes, furadeiras, pedaços esquisitos de tábua... Tudo muito estranho... Já te contaram da história da mulher que morreu por lá?



Um comentário:

  1. que jogada mais comercial essa de dividir o texto. GENIAL!

    só não é mais genial que o final.

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