segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Plano do Amendoim

Era uma noite quente de verão. Cecília e Antônia olhavam a televisão e abanavam os mosquitos mais insistentes. Estavam largadas no sofá branco de couro da sala de televisão do segundo andar da casa de Cecília. Por mais que o sofá fosse confortável, o couro era irritante. Não faziam idéia do que passava na televisão. Sabiam que estava calor. A porta da varanda estava aberta bem atrás delas, mas quase não ventava. E quando ventava, era um vento tão quente que talvez fosse melhor que não ventasse.

Sentiam um pouco de fome. Resolveram descer até a dispensa para procurar algum petisco.

— Tônia, achei amendoim.

— Não gosto de amendoim.

— Nem eu, mas só tem isso.

Pegaram o pacotão de amendoins torrados. E realmente não acharam mais nada com potencial para petisco apetitoso. A mãe de Cecília tinha ido ao mercado com a mãe de Antônia. Tinham ido fazer compras pro churrasco do dia seguinte. A mãe de Cecília ia aproveitar pra fazer as compras do mês.

Nenhuma das duas gostava de amendoim torrado, mas gostavam do sal. Pegaram o pacote, dois potinhos e duas garrafinhas de 600 ml de Coca cola. Subiram as escadas.

Sentaram na frente da televisão, abriram o pacote de amendoins. Iam chupar o sal e jogar os amendoins fora. Mas tinham que esconder as evidências em algum lugar bem secreto. Lembraram da porta da varanda e do telhado logo depois. O telhado. Uma boa idéia. Tão boa quanto qualquer idéia que pudesse vir de pré-adolescentes entediadas no meio das férias de verão. Jogar o amendoim torrado, antes salgado e agora babado no telhado! Tão poético e genial que até rimava.

— Não tem erro, Cecília. A gente joga ali pela varanda, aí cai tudo no telhado.

— Há, genial! A gente ainda por cima vai acabar com o tédio.
E comeram, ou melhor, lamberam todos os amendoins. Mas o que elas não imaginavam era que o telhado era demasiado curto e elas eram exageradas na hora de arremessar os amendoins. Centenas e centenas de amendoins foram arremessados naquela noite. Se dezenas atingiram o telhado foi exagero.

Crec, crec, crec.

— Que isso? — era a mãe de Antônia.

— Que estranho, parece... — a mãe de Cecília.

— Ué, amendoim? — a mãe de Antônia se abaixou pra pegar um. —Amendoim torrado. Eca! E babado!

— CECÍLIA! ANTÔNIA! — um uníssono quase perfeito.

Cecília e Antônia finalmente arranjaram o que fazer naquela noite. Ficaram até tarde catando amendoins e varrendo a entrada da casa. Quanta diversão para aquela noite de verão!


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Uma carta

Ana Lia. Esse era o seu nome. Pelo menos no papel. Ninguém a chamava assim. Dificilmente atenderia se alguém chamasse pelos dois nomes, ou só por Lia. Era Ana. Aninha. Mas hoje, especificamente hoje, quando chamassem Ana Lia não teria menor dúvida de seria ela a quem chamavam.

E chamaram. Seu coração parecia a Bateria-nota-dez do Salgueiro. Estava indiscutivelmente nervosa, mas a alegria abafava qualquer outro sentimento que ameaçasse surgir. Um sorriso estampava seu rosto de um lado ao outro. Duvidava que alguém tivesse alguma vez aberto um sorriso tão fabuloso quanto aquele.

Lá da frente viu sua família. Estavam radiantes. No rosto de seu pai via um misto de alegria e melancolia. Saudades daquela garotinha que acabava de começar a escola, mas um orgulho tremendo. Sua mãe parecia emocionada e seu rosto se iluminava como se naquele momento sua vida fizesse um pouco mais de sentido. Seu irmão do meio sorria o mais lindo dos sorrisos. Podia ver o quanto se orgulhava da sua irmã mais velha. Seu irmão mais novo era inda muito pequeno para entender tudo que estava acontecendo e ainda tentava insistentemente mostrar sua idade com os dedos a todos que estavam sentados perto dele. Ele se divertia e isso era o mais importante.

Viu sua segunda família mais atrás. Era o time de Pólo Aquático. Tinham sido como parte de sua família há quase quatro anos. Amava aquelas pessoas. Elas também a amavam muito. Entre seus irmãos-atletas estava Ana Alice, a quem todos chamavam simplesmente de Alice.

Chamar o nome “Ana” no ambiente do Pólo Aquático era quase que como instaurar um pequeno caos. Anas representavam uma significante fatia da população daquele time. Ao todo eram três: Ana Lia, Ana Alice e Ana Lúcia.

Ana Lia não sabia, mas Ana Alice via nela um modelo, uma inspiração. Se algum dia conseguisse ser uma Ana Alice metade da Ana que era Ana Lia, seria feliz. Alice via em Aninha uma espécie de personificação do altruísmo. Via uma pessoa doce, gentil e extremamente amável.

Apesar de estudarem áreas totalmente diferentes, Alice sabia que se tivesse tanto amor pela sua futura profissão quanto Aninha tinha pela sua, ela seria tão competente e bem sucedida quanto tinha certeza que Aninha seria. Aquele dia Ana Alice viu toda a felicidade estampada no rosto de Ana Lia e se sentiu feliz também. Mesmo que Aninha não soubesse, ela representava uma espécie de prima ou irmã mais velha para Alice. A prima ou irmã que ela nunca tinha tido.

Alice sabia o quanto Aninha tinha se esforçado. Sabia o quanto aquilo era importante e o quanto sua amiga era capaz. Era competente e dedicada. Que teria sucesso era inquestionável. Era reconfortante saber que havia pessoas como Aninha no mundo. Trazia uma esperança para os corações mais inquietos, como era o de Ana Alice.

Ana Alice gostaria de dizer a Ana Lia tudo o que pensava, mas não consegue falar as coisas para as pessoas. Em vez disso escreve. Escreveu, então. Entregou a Aninha um grande envelope amarelo.


Frases

Lá. Onde é lá? Lá pra mim é aqui pra você. Mas talvez seja lá também. Não sei.

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No final dos anos 90, há uns 10 ou 12 anos blá blá blá blá.... — disse o professor.
Caramba. O fim dos anos 90 foi há 10 anos atrás. Faz muito tempo. Ainda não absorvi isso. Sempre esqueço que 1990 foi há quase 20 anos atrás, o que significa que eu sou de quase 20 anos atrás. Credo.

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É engraçado como algumas pessoas conseguem escrever letras de música tão bonitas. Tipo: “I can’t seem to catch my breath/It’s in front of me/Behind your lips”. Essa música é tão bonitinha… Mas, puxa, que coisa mais besta de se anotar…

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Sinto saudades de muita gente e isso me irrita.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só, no Dogão da Esquina

Márcio, 30 anos, técnico de informática. Cláudia, 32 anos, vendedora de loja. Ele liga para ela e a convida para comer fora. Diz que vai passar pelo trabalho dela lá pelas 19h. Ela sabe que eles vão comer no Dogão da Esquina. Tudo é sempre assim.

São 19h e eles se encontram. Ele parece ansioso e nervoso. Meio desatento, olha em volta. Pedem o cachorro-quente habitual e sentam em uma das mesinhas. Cláudia olha o sanduíche de Márcio:

— Nossa, veio com ervilha.
— Ah, é... Deixa pra lá.
— Mas você não odeia ervilha?
— Tanto faz.

Enquanto comem, Márcio continua agindo de modo peculiar. Comem os sanduíches em silêncio. Cláudia reclama que Márcio “tá muito quieto e esquisito”. Ele responde que não, que “só tava com fome”.

Ele parece tentar dizer alguma coisa. Ameaça começar várias vezes, mas sempre desiste. Cláudia olha intrigada, Márcio desembucha:

— Vou ter que viajar.
— Ele diz, parecendo tenso.
— Quando?
— Semana que vem.
— Vai pra onde? Vou também.
— Vou pra Quatis. Não dá pra você ir. É por causa do trabalho.
— Mas no tempo que você tiver uma folguinha a gente passeia. O que tem nesse lugar, Quatis?
— Na-nada. — Ele gagueja.
— Duvido. Alguma coisa tem que ter.
— É sério. Não tem NADA. — diz um pouco exaltado.
— Ah, mas eu fico com você. Vai ser ótimo!
— E o seu trabalho?
— Falo com a Tina — lembra dela, a gerente? — que ela me libera por um tempinho.
— Duvido. É comercio.
— Mas tá em baixa, lá. Ninguém compra nada ultimamente.
— Mas não posso pagar sua passagem.
— Tenho dinheiro. — diz Cláudia de forma enfática.
— Mas vou ficar ocupado.
— Não à noite. — ela insiste
— A noite toda. — ele diz de forma pouco convincente.
— Então tem o dia livre?
— Não. Vou ter que trabalhar... er... umas boas... hm... 16h por dia. — diz Márcio, cheio de incertezas.
— Mas tem 8h livres, então.
— Pra comer e dormir.
— Sem diversão você pira.
— Me divirto trabalhando.
— E eu fico sozinha?
— Só por um tempo.
— Quanto?
— Um pouco. — ele diz tentando desconversar.
— Mas quanto? — ela insiste.
— Não me falaram... — ele se esquiva.
— Márcio, QUANTO?! — ela diz irritada.

Nesse ponto, Márcio já estava agitado e nervoso. Interrompeu a conversa bruscamente e anunciou que ia na barraquinha pagar os cachorros-quentes. Cláudia ficou sentada esperando, pensativa e distraída. Quando se dá conta, 5 minutos tinham se passado. Olhou para trás para procurar Márcio, mas ele tinha sumido. Foi-se embora. Ela ficou só, abandonada no Dogão da Esquina.


texto por
Ana Flávia Andrade
Lorena Figueiredo
Pedro Raphael Paiva
Vinícius Fernandes


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Fim de semana no Rio

Um texto um tanto antigo, mas que eu achei nos confins do computador e resolvi usar. Umas férias fora de hora no meio do semestre. Nada como falar de uma ida ao Rio de Janeiro uma semana antes de ir de novo.



Fim de semana no Rio. Me fez bem, muito bem. Parece que tô um pouco mais leve. Até perdi o senso de cronologia num fim de semana.

A. e B. me levaram por aventuras nesse Rio de Janeiro (que, aliás, continua lindo). Fui de tênis pra praia, B. me chamou de Sheldon, vi o mar, molhei o pé na água, andei na areia, senti a maresia, o Sol no rosto, tomei coco no calçadão com A. e B., fui atacada por pombos, mas A. achou que a atacada tinha sido ela e saiu gritando.

A. achou a Batcaverna e a gente ficou rindo e olhando pra cima igual duas fumadoras de orégano no meio do metrô. Fomos ao bar da Devassa encontrar L. e os holandeses malucos. Um dos holandeses malucos gritou com A. "Cala a boooocaaaa! Me deixa em paaaaaaz!". Ninguém fala assim com A. Ela ficou pasma, eu e B. rimos, rimos e rimos mais um pouco.

Deliberadamente dormi no cinema, A. e B. acharam isso um pouco indignante, mas cinemas são lugares excelentes pra se cochilar. A gente comeu um Subway ishpéartu, encheu a cara de frango no KFC, comeu casquinhas do McDonald's às 23h, no meio da rua, enquanto os holandeses malucos questionavam: "Mas você lambe ou chupa? Toma ou come?" Ante caras de espanto, especificaram o que pra eles tinha ficado óbvio: "Tô falando da casquinha. Você não tá com uma casquinha na mão? Do que mais eu posso tá falando?"

Fui na UERJ, esperar A. Estudei. Andei de elevadores superlotados na Universidade, de metrô num carro só para mulheres, de ônibus grátis pro shopping, de táxi superbarato por aí, a pé pelas ruas de Copacabana, princesinha do mar.

Dormi sentada no sofá da casa da A. vendo o jogo da Seleção, comecei a ver a reprise do jogo logo depois de ele acabar (logo depois mesmo. Terminou em um canal e começou no outro. Instantâneo assim.), mas dormi de novo. Desisti do futebol e mudei de canal. Coloquei no filme do Bob Esponja, mas isso distraiu A., que escrevia a conclusão de um trabalho importante.

Comi um blueberry muffin e tomei um Grande Caramel Frapuccino no Starbucks, depois comi um número três do McDonald's e deixei minha dieta pra outro dia.

Acordei na segunda-feira com o Hino Nacional tocando na escola que tem em frente à casa da A. Quando chegou a hora de ir embora naquela segunda-feira de Sol depois de um fim de semana de tempo questionável e céus quase cinzentos, achei golpe baixo que Rio de Janeiro estivesse tão maravilhoso.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O conceito de -53ºC não faz sentido

Era uma linda tarde de Sol de fevereiro. 16h30, Winnipeg. Desci do ônibus e caminhei civilizadamente por alguns metros. De repente eu já andava pela rua o mais rápido que podia. Não estava atrasada, não tinha medo, não fugia de ninguém. Mas eu corria. E ao correr ouvia meus passos no chão não fazerem barulho de passos simples no chão. Não era o barulho seco de passos no concreto, não soavam macios como passos na grama. Mas soavam em alto volume. Rangiam como só passos na neve rangem.

Lágrimas escorriam dos meus olhos. Eu não chorava, não ria, mas meus olhos lacrimejavam. Tinha pensado antes de correr, porque dependendo de onde viesse o vento, correr poderia ser minha pior ação. O vento vinhas das minhas costas. Correria então, porque assim diminuiria a intensidade do vendaval gelado. Suspeitava que isso não fizesse sentido nenhum, mas a idéia de driblar as forças da natureza me fazia rir, então resolvi manter o plano e correr.

Ia correr do ponto de ônibus até minha casa. A distância era curta, no máximo uns 500 metros, mas aquele frio fazia tudo mais difícil. Naquela tarde o maldito vento subtraía 7ºC da já absurda temperatura de -46ºC. O conceito de -53ºC não fazia sentido. Só consegui pensar naquela música do Randy Bachman e do Neil Young, “Portage and Main fifty below”. Eu não estava bem em Portage and Main. Estava bem longe disso, all the way in Lindenwoods, mas a coisa do fifty below ainda fazia sentido.

Então eu corri. Lindenwood Dr. East, Farmingdale, Fairhaven, Westchester Drive, 290!

Quando digitava o código da garagem pensei que nunca mais ia parar de sentir aquele frio, mas quando entrei em casa vi que Syd e Tom assistiam um documentário sobre o calor no deserto do Saara e eu decidi que aquele parecia um bom dia pra tomar sorvete de creme com framboesas congeladas.

Frases Fora de Contexto #7

Eu adoro uma calcinha molhada!


- Taísa*, tentando debochar de uma manchete da Capricho que dizia: "Calcinha boa é calcinha seca."

* Nome fictício pra proteger a atrapalhada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Frases Fora de Contexto #6

"Odeio quando tem buracos que eu não consigo preencher. Mas sabia que a Amália não ia me deixar na mão. Só ela pra dar um jeito nessa zona."

- Paulo*, falando sobre lacunas nas suas anotações sobre um trabalho.

* Nome fictício, pra proteger o pervertido.



quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Frases Fora de Contexto #5

"Todo mundo sabia que ele era melhor, mas ela ficou com raiva e deu pro outro."

- Comentário sobre dar um papel num curta para um ator ou o outro.





Frases Fora de Contexto #4

"Se você tá me dando é porque é ruim."


- Paulo* sobre um salgadinho que lhe foi oferecido.


*Nome fictício pra proteger o ingrato.


Frases Fora de Contexto #3

- Também não te dou mais! Pô, eu dou tudo tão solicita e você diz que é nojento?

- Indgnação de Amália* depois que seu amigo reclamou do chocolate que ela tinha comprado pra ele.

* Nome fictício pra proteger a esquisita.


Frases Fora de Contexto #2

- Põe aí!
- Por trás?
- É, né!

- Dois amigos falando sobre colocar o grafite na lapiseira.



Frases Fora de Contexto #1

"Você acha isso... Todo mundo acha isso antes de fazer... Eu era muito relutante no início, mas depois adorei e recomendo pra todos. Tô até pensando em fazer de novo aqui no Rio... Mas agora com um homem. Dizem que faz bastante diferença...!"
- Aline*, falando sobre fazer terapia.


*Nome fictício pra proteger a identidade da desligada.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

A vizinha da prima da minha amiga foi jogar The Sims

Durante jogos de Sims que a vizinha da prima da minha amiga jogava com o amigo dela a conversa se repetia:
— Coloca os Sims pra fazer oba-oba! — Ele perturbava toda hora.
— Não! Eles tão cansados. Tem um dia duro de trabalho amanhã! Quando eles chegarem do trabalho amanhã eles fazem isso. — Ela respondia.
— Você disse isso ontem, agora olha como tá a barrinha de diversão dos bichinhos! Daqui a pouco fica negativa!
— Não dá pra ficar negativa! Além do mais, eles tinham que ir pro trabalho e pra conseguir a promoção eles tinham que estudar e já não estudaram quase nada! Não podem perder tempo com oba-oba, videogame, TV ou essas coisas.

Aí ela deixou os Sims sem diversão por tanto tempo que eles pipocaram e morreram durante uma tentativa de fuga.

Eu me pergunto: o jeito que a pessoa controla os próprios Sims reflete o jeito que ela controla a própria vida? Porque ia fazer sentido. Porque é bem assim que eu.. quer dizer a vizinha da prima da minha amiga, controla a vida dela. E claro, os Sims não pipocaram e morreram, mas o final dramático é mais comercial.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sonho lindo de viver

Fevereiro de 2011. Imagina só. Vocês respiram fundo e dão um passo em direção à porta. Ela abre e vocês vêem o hall, todo azul, limpo, maravilhoso. No hall tem um balcão com um recepcionista. Ele olha, abre um sorriso:

— Ah, estávamos esperando por vocês. São as pesquisadoras que estão desenvolvendo uma tese sobre cenas de brigas em novelas, certo?

As duas fazem que sim com a cabeça. Estão sem fala, nervosas. E não porque o recepcionista é lindo, mas porque ele está entregando os crachás que dão livre acesso a todas, eu disse todas, as salas de arquivos com novelas antigas.

Vocês sentem as pernas bambas. Ele leva vocês por um corredor. Chegam a uma sala. ARQUIVO, diz a placa.

— Pronto, chegamos.

Ele abre a porta, vocês entram. Quase choram. OK, choram bastante. Decidem escolher duas novelas pra começar: Celebridade e Caminho das Índias. Apesar de muito criticadas, foram boas novelas. E apesar de “o público geral” (os colegas de turma de vocês) criticar o trabalho de vocês e achar tudo meio inútil e pouco interessante, vocês sabem o quanto isso ia ser legal. O quanto ia ser ótimo ter acesso a esses arquivos e que desse tema sairia um trabalho bom de verdade.

Ah, não custa sonhar.



quarta-feira, 29 de julho de 2009

Férias Interioranas

O que a gente fez:
- Ir tomar sorvete no McDonald's e comer um lanche completo (e um sorvete).
- Ir comer no Bob's (acabamos ficando no sorvete e Milkshake).
- Ver filme na casa da Paula (e comer muita pipoca).
- Ir ao Shopping comer espeto, pastel, queijo quente, pipoca...
- Comprar Coca-Cola, copos, biscoitos e bombons no Máximo pra ir ver novela na casa da Paula.
- Ir pra Penedo comer rodízio de sushi e depois tomar sorvete.
- Resgatar a Natália e trazê-la de volta para a civilização.
- Ir comer pizza na Sabor & Lenha (a gente acabou pedindo a pizza em casa).
- Festa na casa da Paula com 8 pessoas: Alice, Aninha, Ana F., Bruna, Natália, Paula e a Nina (cã), mais a Pu, por MSN.
- Passear pelo banheir... quer dizer, pelo Colégio.
- Caminhar no Parque das Águas.
- Sair cantando pela rua em Penedo, pseudo-trêbadamente.
- Montar no veadinho do rabo ereto na frente da Casa do Papai Noel.
- Passear de carro por Resende fazendo vídeos.
- Trazer quem não tava presente pra jantar com a gente por MSN.
- Tentar convencer a Pu a voltar de Santos (e não ter sucesso porque ela é uma chata besta).

O que não deu pra fazer:
- Fazer a Natália contar a história que ela não quer contar.
- Ir ao Cinema ver filmes repetidos (e comer pipoca).
- Ir ao Rei do Salgadinho comer bolinha de queijo.
- Fazer piquenique na AMAN (ou no jardim da Natália).
- Ir ao Manga Rosa porque lá é vazio.
- Comer pastel no Paraíso.
- Comer pastel na frente do Bob's.
- Ir pro Parque Nacional.
- Surfar uma tromba d'água.
- Passear na Chalana do Paraíba (não existe mais).
- Tomar coco perto da ex-casa da Bruna.
- Fazer geladinho.
- Fazer um bolo.
- Excursão à PegMel.
- Comprar ervas medicinais em Mauá.
- Ir ao Costa.
- Ir ao Güela.
- Comer Empadão e tomar guaraná natural na Parada o Milho.

sábado, 25 de julho de 2009

Texto ruim, só pra tirar teia de aranha


Outro dia à tarde fui ao CCBB assistir a “Metrópolis”, do Fritz Lang, É um filme de 1926, (nada a ver com Metrópolis, a cidade do Superman) que faz parte do Expressionismo Alemão. É um dos grandes filmes da História do Cinema.

Logo que começou a sessão, me animei. Era uma versão restaurada e completa, com partes antes perdidas. Era o filme exatamente como as audiências de 1926 (e só elas) tinham assistido. Ia ser lindo. Mas aí veio a segunda parte do aviso. Era colorizado e com uma trilha sonora moderna.

E com uma trilha sonora moderna eles quiseram dizer dos anos 80. É, era Metropolis 80s Mix. Ridículo, mas totalmente hilário, mas idiota, mas divertido. Isso fez o filme virar uma piada na minha mente. E aquela coisa anos 80 fez o filme parecer um videoclipe esquisito.

E a mulher-que-faz-a-Maria-e-depois-vira-Hel-o-robô-ou-ao-contrário-sei-lá-algo-assim (Brigitte Helm) virou uma espécie de pré-Cyndi Lauper. Total. Toda torta, louca, descabelada, esquisita, com música dos anos 80. É meio triste isso, porque a Brigitte Helm tem uma atuação muito, muito boa mesmo, mas todo o problema com a música fez o filme ficar caricato e bizarro.

[Na foto: Brigitte Helm num momento Cyndi-Lauper-toda-torta]



domingo, 12 de julho de 2009

O fantasma da carpintaria - parte 4

UM TEXTO EM 4 PARTES


Tudo correu bem durante as duas horas que Marina trabalhou. Nenhum fantasma, nenhuma alma penada, nada disso. Quando Marina saiu da carpintaria e foi em direção às escadas para ir embora começou a ouvir barulhos esquisitos, o som de uma respiração pesada e de passos leves. Seu coração batia acelerado. Resolveu correr.

Uma lâmpada falhando, fazendo aquele zumbido de eletricidade, uma goteira caindo bem longe com um eco distante, escuridão atenuada por faixas de luz cruzando os corredores, a mocinha corre desesperadamente. Uma câmera na mão, filmando ela de frente. Atrás dela só um vulto ocasional num contra-luz tenebrosamente sinistro.

De repente Marina parou de correr com um olhar de profundo terror e pânico. Um pedaço de madeira. Não conseguia ver o rosto do agressor, já que uma sombra densa encobria suas feições. Tentou usar suas mãos para empurrar as do maníaco para longe de si. Quando colocou as mãos sobre as do homem sentiu uma mistura de decepção, tristeza e pânico. Na mão dele estava aquele inconfundível anel de aço com o emblema do lanterna-verde.

Grey's Anatomy

Final do último episódio da 5ª temporada. Se você não assistiu e quer assitir, cuidado com spoilers. Se você não assiste Grey's Anatomy, vai ser tipo o segundo personagem. :P

- ... Então... Aí a operação da Izzie Stephens vai bem, mas ela assinou o DNR, ai no fim o Karev vai lá conversa com ela...

- Quem é Karev?

- É o Alex. ...aí na hora que ele abraça ela, puf, ela tem um pipoco. Aí o Alex fica olhando desesperado...

- Quem é Alex?

- É o Karev. ...aí ele não pode fazer nada e quando vai começar o Chefe chega e diz que não porque a Izzie assinou o DNR...

- Quié DNR?

- Do not ressucitate, pra não fazer nenhum procedimento de ressucitar. ...aí o Chefe fica olhando, se desespera também e fala que é pra deixar isso pra lá. Aí eles começam a trabalhar nela...

- Aí ela morre?

- Não, quer dizer, sim, quer dizer... Acho que sim, porque ela entra no elevador com a roupa de formatura do dia que o Denny morreu....

- Quem é Denny?

- O cara que tinha problema no coração, a Izzie tratou, mas ai se apaixonaram, casaram e ele morreu. ... aí ela fica lá dentro, a porta fecha um tempo e depois abre e depois entra o O’Malley...

- Quem é O’Malley?

- O George. ...aí ele entra de farda e sorri pra ela, porque ele era o John Doe do acidente, mas eles só descobrem que era o George...

- Quem é George?

- O O’Malley.

- Aquele velho que ela tinha atração?

- Annnh? Não, o fofinho que era casado com a Torres.

- Quem é Torres?

- A Callie, a morena que virou lésbica e vivia fazendo sexo casual com o McSteamy.

- Ahhh tá. O McSteamy era o indigente?

- Nãããão, o McSteamy é o Sloan, o Mark Sloan, do olho azul e tal, que tá pegando a Little Grey.

- Ahhh. Ele é lindão né? Mas então, quem era o indigente?

- O George O’Malley, ex-marido da Callie Torres, que largou ela pra ficar com a Izzie, mas deu tudo errado... Ele era o indigente, mas a Meredith descobriu e saiu gritando e ai ele entra em colapso na mesma hora que a Izzie, aí ele entra no elevador com ela e fecha o elevador e acaba.

- E quem é Chefe? AlexKarev? E Little Grey? E Meredith? E George O'Malley? E Callie Torres? E Mark Sloan? E Izzie Stephens?

- Não faz diferença agora...

- Mas... E entra no elevador como, se eles tavam morrendo?

- É uma metáfora, uma metáfora....




sábado, 11 de julho de 2009

Pensamentos Quase Conexos #2

Hoje foi o primeiro sábado em muito tempo que eu pude ficar sem fazer absolutamente NADA. Foi genial. Acordei 13h, tomei café de Coca-Cola e bolo de chocolate, assisti Estrelas, depois tomei vergonha na cara e saí pra almoçar no Giraffa's. Isso às 17h. Passei no Oba e comprei água e pipoca, mas esqueci do sal.

Oba aqui é hortifruti. Lá na minha cidade Oba é Sucos. Por mais que a Alice diga que o de lá é Uoba Sucos eu ainda acredito que seja o jeito de falar, tipo, "Ah, o Oba Sucos não abriu hoje", daí junta e fica Uoba Sucos. Eles tem sucos bons lá. É bem coisa de cidade pequena mesmo. Não conheço nenhuma loja de sucos tipo aquela aqui. Eles fazem pizzas, mas as pizzas de lá são meio ruizinhas.

De todo tipo de comida congelada que dá pra comprar aí, pizzas são o pior. Sério, pizza congelada é um treco ruim. Agora inventaram uma de microondas. Nunca ousei experimentar. Tenho comido coisas feitas no microondas. Hamburguer no microondas fica com uma aparência duvidosa, mas o gosto até bom. Comida congelada é só o que combina com microondas.

Gosto mesmo é de Lasanhas congeladas. O queijo daquelas lasanhas é uma delícia! E elas ficam boas até no microondas! Lasanhas são uma coisa legal de se comer separando camadas, mas isso deve enfurecer quem cozinha. A não ser que seja Lasanha congelada, porque aí ninguém cozinhou, mesmo.

Congelada vai ficar Cuiabá. Dizem que vai fazer 15 graus por lá. E vai fazer 4 graus em Curitiba. E desde quarta feira tão dizendo que vai nevar no Rio Grande do Sul. De longe a informação mais impressionante é 15 graus em Cuiabá. É tipo apocalispse. Que aquecimento global que nada, isso tá mais pra era do gelo.

Era do Gelo 3D deve ser legal. Ainda não fui ver, mas gostei do trailer. Acho o Scrat a cara da Pu. Tão engraçado. E fofinho. Era do Gelo tá na moda agora.

Na moda mesmo tá a India. É novela, filme do oscar, Pussycat Dolls... Elas fizeram aquela versão de Jai Ho. Só gostei porque agora tem uma letra que eu consigo cantar, porque em hindi ou sei lá que língua era aquilo, eu não dava conta não. Obrigada pela ajudinha, Pussycat Dolls.

As Pussycat Dolls deviam se chamar "Nicole Schr...Shrubbles e as suas dançarinas de apoio", porque, sejamos honestos, as outras 4, não 5, não 3, er... sei lá quantas outras são, não fazem nada a não ser dançar junto e fazer o backing vocal. Pussycat Dolls é tipo uma girl band. Pena que boy bands acabaram. Eram divertidas.

Acabou esse texto, que não foi nem de longe tão bom quanto o #1.


quarta-feira, 8 de julho de 2009

O fantasma da carpintaria - parte 3

UM TEXTO EM 4 PARTES

— Você não quer ficar? Depois a gente podia sair, comer alguma coisa, sei lá, ir lá pra casa e ver um filme no sofá, em baixo do cobertor...?

— Não, não. Isso é golpe baixo. Você ta com medo e agora tenta me ludibriar pra ficar aqui por meio de tentativas de sedução. Dona Marina, sua sem-vergonha!

— Ahhh, que droga, Francisco! O que você tem de tão importante pra fazer, afinal? Não dá pra ficar aqui? Poxa eu tentei até sedução. Eu não consigo seduzir nem um pré-adolescente tarado que acha tudo sexy.

— Tenho que fichar dois textos pra amanhã, terminar de analisar um filme, lavar o banheiro e escrever um conto. Fora que tenho prova amanhã.

— E por que você deixou tudo pra última hora? — Por que você deixou essa escultura pra última hora?

— Touché.

Ele deu um beijo rápido nela e foi em direção às escadas. Marina foi pra carpintaria. Quanto antes começasse, antes terminaria. Quanto antes terminasse, melhor.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O fantasma da carpintaria - parte 2

UM TEXTO EM 4 PARTES


— Que mulher? Que história? Não tem nada disso.

— Tem sim, ué, to dizendo. Quem me contou isso foi um professor aí. Faz uns 20 ou 30 anos, mais ou menos. Uma menina tava trabalhando até tarde na carpintaria e foi morta quando saía de lá. Supostamente atacada por um maníaco.

— Por que supostamente?

— Nunca acharam o autor do crime. Não conseguiram encontrar nem vestígio de um criminoso. Nem digital, nem fio de cabelo, nem pedaço de roupa, nada.

— Er.. e c-como foi que ela morreu?

— Enforcada. Provavelmente com um pedaço de cano ou de madeira contra a garganta. Dizem que o espírito dela ainda ronda cada pedaço de madeira dessa carpintaria e de tempos em tempos ela dá sinais de que ta mesmo por lá. Parece que ela vive, ou melhor, assombra em busca do assassino e que ninguém está seguro.

— Ai, mas que besteira, francamente. Você só ta falando isso porque eu vou ficar na carpintaria até tardão. Nunca aconteceu nada. Não vai ser hoje que os espíritos malignos vão me atacar. Mas olha, pode deixar que eu to com o cartãozinho dos caça-fantasmas aqui na minha bolsa. Qualquer coisa eu ligo pra eles, ta bom? — Marina tentou soar despreocupada e blasé, mas sempre tinha sido suscetível a histórias de terror e além do mais era uma péssima atriz.

— Se você está tão blasé assim, porque ficou toda arrepiada? — Francisco riu.

Ele passou seu braço sobre os ombros dela. Quando ele pousou a mão sobre o braço dela, Marina sentiu o frio do anel que ela tinha comprado pra ele, de aço com o emblema do Lanterna Verde. Ele se inclinou e sussurrou em seu ouvido:

— Cuidado com a mulher da carpintaria. Vigilância constante e cuidado com cantos escuros.

— Aaaaaaai, Franciscooooooo! — Marina sacudiu o braço dele e estremeceu levemente. — Pára com essas besteiras! Que droga!

Francisco riu de leve, mas parou ao ver o olhar de censura que Marina lançou em sua direção. Chegaram ao laboratório e Marina pegou as chaves.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

O fantasma da carpintaria - parte 1

UM TEXTO EM 4 PARTES


Era uma quarta-feira à noite. Chovia. Uma chuva insistente que caía desde sexta-feira à tarde. Tinha sido um bom fim de semana para dormir. Marina e Francisco estavam em uma das salas do subsolo da universidade. Não costumavam ter aulas às quartas-feiras no horário das 19h às 21h, mas o professor tinha resolvido marcar uma aula extra e exigir presença. Nem Marina, nem Francisco podiam se dar ao luxo de ter mais faltas naquela matéria.

Quando enfim terminou a interminável aula, os dois tiveram que sair do bloco A e ir até o J. Marina tinha que dar os retoques finais em uma escultura na qual vinha trabalhando desde o início do semestre. Ela tinha combinado tudo com o Sérgio Carpinteiro e ele tinha emprestado a chave para ela poder usar a carpintaria do departamento até a hora que precisasse.

— Esse subsolo já é macabro durante o dia, agora então... Parece mais uma masmorra de Hogwarts que qualquer outra coisa... — Foi Francisco que começo a falar.

— Eu sei... Parece uma coisa de um filme de terror, sei lá. Dá até pra imaginar: — Marina começou a ter seus delírios criativos. Francisco sabia disso por causa do olhar vagamente psicótico da garota. — Uma lâmpada falhando, fazendo aquele zumbido de eletricidade, uma goteira caindo bem longe com um eco distante, escuridão atenuada por faixas de luz cruzando os corredores, a mocinha corre desesperadamente. Uma câmera na mão, filmando ela de frente. Atrás dela só um vulto ocasional num contra-luz tenebrosamente sinistro.

Nesse momento Marina já agitava as mãos no ar freneticamente, tinha o olhar perdido num ponto indeterminado e sorria um sorriso meio perturbado.

— Ta, mas o que acontece ate chegar nessa cena? Precisa de uma história, né? Nem que seja um cocô de história, precisa de uma.

— Ah, isso eu não pensei ainda, mas dá pra inventar alguma coisa depois. Francisco mudou de assunto, mas não tanto.

— Aquela sua carpintaria lá também é bem sinistra, né, não? Aqueles serrotes, furadeiras, pedaços esquisitos de tábua... Tudo muito estranho... Já te contaram da história da mulher que morreu por lá?



terça-feira, 30 de junho de 2009

Lolontra e Peixoto

Semana passada eu precisava fazer uma viagem de negócios, mas era só uma noite, então não achei que seria um problema deixar meu bichinho de estimação, a Lolontra, sozinho.

Saí terça à tarde e quarta de manhã já estava de volta. Percebi que tinha deixado passar um detalhe. Olhei pro aquário em cima da cômoda e uma lágrima caiu do canto do meu olho.

Lolontra tinha comido o Peixoto. E não pude fazer nada com a Lolontra. Ela tinha engasgado e morrido sufocada com o Peixoto. Pobre peixe beta inocente, lutou até o fim.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Hoje

Atualmente as coisas são normais, mas presumo que daqui há milênios, o que hoje é normal vai passar a ser peculiar, raro e peça de museu.

Hoje carros andam no chão, mas não por propulsão humana, e não viram maletas. Aparatos de utilidade doméstica são máquinas elétricas e não animais. Mas não têm vida e personalidade próprias. O material mais utilizado pra tudo é o plástico, não pedras poeirentas, nem metal extra-limpo. Roupas não são de peles multicoloridas, nem de tecidos colantes cheios de argolas decorativas e anteninhas.

Escrever hoje pensando em milênios à frente é estranho. É como os Flintstones mandando uma carta pros Jetsons. Na realidade, hoje fica entre os Flintstones e os Jetsons, hoje é só um meio-termo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dizem que Krypton vai explodir

NOTA: Eu não estou obcecada por Krypton, nem nada assim. Na verdade esse texto e o anterior são duas abordagens diferentes pra um mesmo tema: "Em algum lugar do passado". Era pra escrever o texto se baseando em algum acontecimento histórico. Mas eu não podia ser normal e escrever sobre coisas da Terra. Nããããão, eu tinha que ser a nerd que escreve sobre Krypton. Depois eu não sei porque o professor me odeia...

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O jeito que as pessoas lidam com problemas é perturbador. Agora tão vindo com essa idéia de que Krypton vai explodir porque o núcleo é instável e blá blá blá. Ok, tivemos nossos problemas, nossas guerras, mas o planeta ainda vai muito bem, obrigado. Poxa, todo mundo passa por guerras e situações-limite de vez em quando!

Em Thanagar eles tiveram aquele problema com os Gordanianos, perderam a guerra, mas ainda tão lá, super bem. Tiveram atritos com Rann, também, mas no fim voltaram à vida normal quando os Lanternas Verdes corrigiram a órbita do planeta. Falando em Lanternas, em Korugar, o Lanterna Verde Sinestro ficou doido e achou que o planeta só ia funcionar se ele fosse o governante supremo. Os Guardiões do Universo descobriram tudo e mandaram ele pro universo Qward de anti-matéria e pronto, tudo resolvido.

Porque os kryptonianos derrotistas tem que dizer que nosso planeta vai explodir? É coisa da Família El. Eles são doidos por lá. Principalmente o Jor-El. Ele é que veio com essa história de que o núcleo é instável e é isso que causa os terremotos constantes, e que logo o planeta não vai mais resistir, então a gente tinha que restabelecer o programa espacial pra construir uma estação... Enfim, uma balela. Só quem apóia ele é o Zor-El. E a Lara também. Mas irmão e esposa não contam.

Agora dizem que ele construiu uma nave e vai mandar o filhinho dele e da Lara, o Kal-El, pra Terra. Ele é pirado. Mandar o menino pra aquele antro de lunáticos perturbados que é a Terra... E pra nada! Ele nunca mais vai ver o menino porque é um paranóico... Ninguém sabe o que fazer, a cada terremoto fica todo mundo aí, em pânico, desesperado. E por quê? Por nada. Por causa de um louco que não sabe o que tá falando. Até parece que Krypton vai explodir assim de rep..

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A verdade sobre a explosão de Krypton

ATENÇÃO: Esse é um texto enorme, não exatamente bom, cheio de informações incorretas sobre Star Wars e Superman. Mas é legal. Não quer ler?


Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante...

[Entra a música]

STAR
WARS

[Letreiros amarelos sobem]

Os jedis haviam sido exterminados.
A Galáxia era governada com punhos de
ferro por um Império totalitário e repressor.

O 1º Império Galáctico se baseava
no terror e na Intimidação para
manter a ordem na galáxia.

Os primeiros focos de resistência Rebelde começaram
a surgir assim que foi anunciada a nova forma de governo.
Mas o poder de fogo do Império estava prestes a ser ampliado....

[Câmera faz um tilt pra baixo e vemos um Star Destroyer Imperial cruzar o espaço interminavelmente]

Ok, introdução-padrão feita, seguindo:

Como 3º controlador de sub-operações secundárias de um Star Destroyer Imperial (o principal, eu gostaria de dizer), eu costumo ouvir bastante coisa. Isso porque a mesa de operações de minha responsabilidade (a que regula dróides-esfregão e dróides-desentupidores) fica bem embaixo da plataforma de observação.

Governador Tarkin e Darth Vader costumam se reunir ali. Algumas vezes até o Imperador comparece holograficamente. Sei que é uma aparição holográfica quando ouço a voz mas não escuto os passos. No meu turno passado ouvi algumas coisas que me deixaram um pouco perturbado.

Afinal de contas, o Império é responsável por manter a ordem na galáxia, sem se descuidar da paz. Eu sei que os métodos utilizados pelos oficiais imperiais são no mínimo questionáveis, mas nunca imaginei...

Bom, ouvi Lorde Vader conversando com Governador Tarkin. Tarkin queria iniciar os testes da Estrela da Morte, a maior e mais moderna estação espacial já construída. Dizem que será do tamanho aproximado de uma das luas de Yavin. Parece que nessa tal Estrela da Morte serão instalados centros de formação de Storm Troopers. Mas pelo que ouvi da conversa, não é essa a função principal desse terror tecnológico que eles criaram.

A conversa, estranhíssima, foi assim:

— Lorde Vader, o prazo da equipe de construção está prestes a terminar e eu não vejo resultados concretos. Isso me preocupa.

—A Estação estará em operação dentro do prazo estipulado. Se não estiver concluída os responsáveis por ela sofrerão as conseqüências de sua negligência e sentirão o poder da Força.

— A Estrela da Morte precisa estar em condições de teste. Os Rebeldes estão instalados em pelo menos três bases diferentes. As suposições para duas delas são Hoth e Yavin 4, mas descobrimos que o Senador Bail Organa, em Alderaan, é um traidor e membro-fundador da chamada Aliança Rebelde.

— Não pense que a solução para os problemas com a resistência Rebelde está nesse terror tecnológico que vocês construíram. A habilidade de explodir um planeta inteiro é insignificante perto do poder da Força. Tarkin estava imóvel, não se mexia, não andava. Certamente paralisado pelo terror. Vader caminhava de um lado a outro da plataforma de observação. Foi a voz trêmula de Governador Tarkin que quebrou o silêncio.

— Obtive informações sobre um planeta localizado no fim da galáxia que pode servir como a perfeita situação teste para a Estrela da Morte.

— É um planeta deserto, Governador?

— Ao contrário. Krypton é um planeta habitado, mas acabou de sair de uma terrível guerra. São conhecedores de avançadas tecnologias e constituem uma ameaça real ao Império caso um foco de subversão surja em seus domínios. Se explodíssemos Krypton estaríamos testando nossa arma e nos livrando de uma potencial ameaça.

Vader só respirava. Tarkin continuou:

— Krypton está prestes a explodir. Bem, não num futuro imediato, mas nos próximos 1000 ou 2000 anos. O núcleo do planeta é formado de uma substância radioativa e instável.

— Seus motivos não justificam que se elimine o planeta, Governador. Saiba que se levar esse teste a cabo, estará indo contra a minha vontade.

E Vader saiu andando com passos irritados. Ou tão irritado quanto ele poderia caminhar, com seus movimentos robóticos. O que mais me surpreendeu nessa conversa não foi a capacidade de assassinar inocentes a sangue frio que os oficiais do Império parecem ter. O mais surpreendente foi que nunca pensei que Darth Vader pudesse ser tão... humano.

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Ah, sim, a piada está em Darth Vader ser tão humano. Era mais fácil ele mandar explodir logo três planetas que ter compaixão por alguém.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marina, o carro estragado e o castelo

“Era a noite fria e lúgubre de uma sexta-feira, 14 de agosto. Chovia muito e por isso quase não se via a estrada, exceto por cada vez que um raio cruzava o céu. O vento puxava e empurrava o carro e era difícil dirigir. Só se ouvia achura batendo com força no teto e nos vidros do carro e um ou outro trovão forte o suficiente para superar o barulho da chuva.

‘Pelo menos hoje não é sexta-feira 13.’, pensou Marina depois de olhar o relógio digital seu seu carro. A chuva deixava Marina um pouco nervosa, porque ela não conhecia a região da estrada. De repente seu carro começou a agir estranhamente. Não respondia aos comandos de acelerar. Encostou o carro em uma área maior do acostamento, ligou o pisca alerta e cuidou de todos aqueles procedimentos de segurança, triângulo, galhos... Resolveu sair para buscar ajuda.

Enquanto Marina andava pela beira da estrada, mentalmente chamava a mãe do mecânico do seu carro de uns nomes não exatamente agradáveis. Cada vez que via um raio pensava que talvez pudesse ser um carro que se aproximava. Caminhou por milhões quilômetros, ou assim lhe pareceu, tiritando de frio. Ao virar uma curva da estrada avistou um castelo misterioso em una montanha. ‘Salvação’, murmurou Marina para a chuva, que tragou suas palavras sem piedade.

A subida para o castelo não foi fácil, o terreno era íngreme e a chuva tinha feito a terra virar lama, mas Marina conseguiu chegar à porta. Ao entrar notou que a porta rancia fortemente. Sentiu um tremor estranho percorrer todo seu corpo. ‘Deve ser o frio’, pensou. Observou atentamente o interior do castelo, mesmo que, na verdade, tivesse medo do que pudesse acabar por ver. Parecia que não havia coisa ou pessoa alguma ali, então Marina partiu a explorar.

Subiu as intermináveis escadarias com um medo que crescia em seu peito a cada degrau que subia. Quando terminou de subir a escadaria, se deparou com uma porta. Antes de abri-la, parou por uns instantes, como se buscasse coragem. Empurrou a porta e encontrou apenas salas e mais salas, todas abandonadas e vazias, exceto por ratos que habitavam os cantos com seus ninhos e aranhas que teciam suas teias pelo teto. Todo o lugar cheirava a umidade e abandono.

Mas em um piscar de olhos todo o ambiente se iluminou e uma música de órgão começou a tocar ensurdecedoramente. Marina se assustou e gritou quase tão alto quanto a música. O grito de Marina pareceu despertar hordas de morcegos ensandecidos. Voavam como loucos e se…”

— Cara, mas que história previsível…
— Não gostou?
— Nem terminei de ler. Já sei como vai terminar. Um vampiro vai aparecer do nada e atacar a menina, não é?
— Na verdade, não, não é.
— Ah, não?
— Não, não é, tá? Não aparece um vampiro. Quem surge é o vampiro! É Nosferatu, Phantom der Nacht!!!
— Não deixa de ser um vampiro.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Desaforo fotográfico

Eu tinha prometido pra mim mesma que seria mais agradável com as pessoas, então vinha tentando exercitar o autocontrole e a compreensão com os menos favorecidos intelectualmente. Por algumas vezes quase larguei tudo. Tem horas que não dá pra ser agradável, não mesmo. Por exemplo, quando você passa em frente a uma sala de uma universidade federal e ouve uma conversa assim é de cortar o coração:

— Mas, ô, viagem, é com “gê” ou com “jota”?
— É... Acho que é com “gê”, mas não sei, não. Peraí, vou perguntar ali.
— Deve ser com “jota”. Tipo viajar.
— É com “gêêêê”. — Gritou a mocinha lá do outro lado da sala.

Ai, por Dumbledore. Como assim, “viagem é com ‘gê’ ou com ‘jota’”? Imagina se mandasse escrever “ascensão”? Era capaz de explodir a cabeça. Mas me contive e não falei nada. Nem conhecia as geniais criaturas, não ia atacar estranhos gratuitamente, assim. Meu eu antigo iria, mas eu era uma nova mulher. Muito bem. Talvez não fosse ser tããããão difícil assim isso de ser agradável.

Continuei meu caminho em direção à loja de Fotos, orgulhosa de todo meu controle. Estava indo lá pra buscar umas fotos que eu tinha levado pra imprimir mais cedo naquele mesmo dia. Esperava que ficassem boas, afinal não tinha como errar. Tinha deixado tudo pronto, todas as fotos com as bordas já colocadas, cortadas no tamanho certinho, sem o menor problema. Era só apertar o “print”. Ou foi o que eu imaginei.

— É dezessete e noventa e quatro. — São. São dezessete reais e noventa e quatro centavos!!! Não! Paciência. Preciso. Manter. Autocontrole!

Quando eu abri o envelope, imediatamente tive que fechar, contar até dez (mil) na minha cabeça e respirar fundo. Tinha (aparentemente) me acalmado. Resolvi abrir o envelope de novo. Dei um sorrisinho amarelo, limpei a garganta e tentei controlar minha voz pra não passar nenhuma afetação indignada.

— Er, olha, eu tinha deixado todas as fotografias com borda, já prontas pra imprimir, não precisava mudar nada, tava tudo prontinho. Todas elas vieram impressas sem a mer... quer dizer, a borda. — tentei não fechar a cara pra parecer mais simpática.
— Senhorá, não posso fazer nada.
— Senhora? Senhora?! — Minha voz se elevou uma oitava — Minha filha! Por...xa, olha bem pra minha cara! Vê se eu tô com cara de senhora?! Faz o favor de chamar o cara que me atendeu?
— Não precisa se alterar, senhorá. Mas olhá, ele já foi embora, não vou poder chamar, na-ão...
— Car...acolis! Será que dá pra tu não me chamar de senhora?! — Outra oitava, alguns decibéis.
— É o que que é, hein? — Era um homem que veio se aproximando, possível que fosse o gerente.
— Minhas fotos vieram erradas. E ela fica me chamando de senhora. — Eu falei um pouco mais composta, mas usando um tom de acusação (não tão) sutil.
— Hmmmmm. — Ele pegou a foto da minha mão. — Ó, até dá pra fazer de novo, mas só pra amanhã, mesmo, tá? E, ó, você vai ter que pagar duas vezes, tá? — falou na maior naturalidade, como quem diz que o Superman sabe voar.
— Ah, mas eu não vou pagar de novo. Não mesmo! Mas que mer...leca! Vocês erram e eu que pago? Ah, mas tu ta brincando, né?
— Não, senhora. — Senhora, de novo? Eles tavam procurando, né possível. — A gente teve que arrumar as fotos, né? Pô, tava tudo torto, tudo errado, tudo fora do lugar. Agora tá certo, ó aqui. — começou a subir uma raivinha lá do fundo da alma. — Aliás, essa sua câmera tira umas fotos muito boas, né? Muito massa mesmo.

Aí deu. Foi a gota d’água. Bateu um ódio forte e todas as minhas resoluções de ser uma pessoa melhor foram pras cucuias. Soltei toda minha indignação naquele insolente (e babaca) atendente. E quando descarreguei tudo, meio que perdi o controle sobre meu reprimido vocabulário.

— Aê, mermão, coé a tua?! Cacete, tu tem noção de quanta de merda que tu falou agora? Hein? Porra, tu ta pirado, né cara? Ta doidão, né? Ô sua marmota, como é que tu me diz que as minhas fotos tão erradas? Quem que tu pensa que é pra me dizer que as minhas fotos estão erradas?? — Muitas, muitas oitavas e vários decibéis — E deixa eu te dizer uma coisa, seu mané! Tu diz pruma cozinheira que é a panela dela faz comida boa? Diz? Num diz, né, então tu num vem me dizer que minha câmera tira umas fotos muito boas, seu merda. — No final minha voz tinha subido mais oitavas do que eu achei que fosse possível. Acho que o cara nem escutava mais. Chegou num ponto que só os cachorros escutavam.

Eu deixei os dezessete reais e noventa e quatro centavos no balcão e saí tresloucada da loja. Não deu pra ser uma pessoa legal. Só dá pra ser legal quando as pessoas colaboram, mas se elas são imbecis, ah, aí fica difícil.

domingo, 24 de maio de 2009

Texto meia-boca

Verônica tinha que escrever. Escrever várias páginas sobre um assunto que não a interessava. Desde cedo travava uma batalha intensa contra a Preguiça. Preguiça estava ganhando de 34 a 2. Os dois pontos de Verônica vinham de:
  • tirar o livro da mochila e
  • abrir sites sobre o assunto.
Os 34 pontos de Preguiça vinham de fazer Verônica:
  • assistir aos trailers de Harry Potter 6 (um ponto para cada vez que assistiu qualquer um dos videos, então só aí 19 pontos.);
  • assistir a quatro curtas na internet (um ponto por curta 4 pontos);
  • gravar a si mesma cantando quatro músicas da Noviça Rebelde e duas de Chicago, só pra ter certeza de que não havia mesmo nenhum tipo de esperança pra sua voz terrível (um ponto por música, 6 pontos);
  • dormir ouvindo música por quase duas horas (um ponto por hora, 2 pontos) e
  • ler três revistas da Turma da Mônica (um ponto por revista, 3 pontos).

Verônica fez um acordo com a Preguiça. Ela escreveria algumas páginas, em vez de várias páginas. Preguiça seria bem sucedida pela metade. Verônica teria seu trabalho completo pela metade. Fechado. Selaram o acordo de damas com um café pra espantar Preguiça por um tempo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Uma irresponsável caneca de café às 23h47 dá nisso

Olha, me julgue, mas eu adoro ABBA. 
De verdade. 
Principalmente quando eu encontro videos tipo esse aí de baixo.
ABBA é assim: quanto mais cafona, melhor.
E arrisco dizer, poucos videos mostram Agnetha, Björn, Benny e Frida tão cafoninhas quanto esse.
Genial, simplesmente genial.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O que eu aprendi por ter amigos que moram longe

Aprendi que é difícil ter amigos vivendo longe.    

Aprendi que o amor vem em inúmeras formas diferentes e que nenhuma delas é influenciada por etnia, religião, cor da pele, nacionalidade, diferenças culturais ou qualquer coisa desse tipo.  

Aprendi que é muito mais difícil se despedir se é você quem está partindo. Mas que mesmo que você esteja ficando, despedidas ainda são uma merda.   

Aprendi que você sente saudades dos seus amigos desde o primeiro momento depois de eles partirem (ou você ir embora) até o milésimo de segundo antes de vê-los novamente   Aprendi que você raramente briga com amigos que moram longe, porque você sempre passa pouco tempo com eles, então não pode perder tempo brigando. 

 Aprendi que sempre tem mil músicas pra te fazer sentir saudades terríveis.  

Aprendi que algumas vezes você sente saudades tão fortes que dói, fisicamente dói.   

Aprendi eu nunca é “adeus”. É sempre “até logo”. Independente que quão logo seja logo.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fria essa cidade de Brasília

A cidade é planejada, mas a cidade é gelada. Frio o ano inteiro, seja agosto, seja janeiro. Em plenos 15º de latitude sul o frio é mais forte que nos 50º de latitude norte. Não dá pra entender, não consigo imaginar o porquê. O frio polar te bota pra pensar.

Queria saber o que traz esse frio azul pra cidade em que tudo se transforma em alvorada, toda sua branca monumentalidade alaranjada. Os nativos se acostumam com espaços abertos cheios de ar. Talvez seja uma influencia meio subliminar. Cada um é o grupo de si mesmo, gostam de autonomia. Não gostam de ninguém por perto, dá claustrofobia. 

Na Brasília glacial os desavisados se tornam bonecos de neve em potencial. Sem tempo de reagir, se congelam sem nem sentir. Os mais atentos percebem pouco antes de virar picolés do cerrado e lutam bravamente pra manterem-se aquecidos ante o frio desgraçado. Sofrem com a friagem constante, o vento gelado e cortante, cruel, vindo de toda parte, até do exuberante céu. 

Brasília é difícil, inacessível. Tal como sua cidade, os brasilienses são tão acessíveis quanto o topo do Everest ou os becos remotos de Bucareste. 

Sei bem que quase ninguém se sente assim, mas não faz mal, esse era pra ser um monólogo, então resolvi falar de mim. Não sei sobre todo o mundo, melhor não generalizar, mas meu próprio mundo seria melhor se Brasília não fosse uma cidade com corações de clima polar.

 

 

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Porcaria de pedacinho de plástico

É quando a gente tem que empacotar coisas pra fazer uma mudança e começa a tirar tudo dos armários pra socar em caixas e depois em novos armários que encontramos as coisas que misteriosamente desapareceram durante os anos passados ali. Sempre caem por terra as teorias sobre duendes sacanas, gnomos peraltas e assombrações entediadas, que pegam nossas coisas só pra rir da nossa cara depois. 

Verônica tirava pilhas e pilhas de bugigangas e cacarecos do seu armário outro dia. Puxou um pano verde bandeira que de tão desbotado já parecia cinza poeira e descobriu a outra metade, bege-cor-de-areia, mas em outros tempos, de um amarelo-lua-cheia. Era a bandeira da Copa de 70. Não era sua. 

Continuou puxando tralhas até que ouviu o pickity-pick de um pedacinho de plástico que tinha caído no chão de madeira. Olhou pra baixo e viu, ao lado de seus pés calçados em meias listradas, aquela palheta vermelha. 

Era a sua primeira palheta, da época em que tinha estudado guitarra, há 200 anos, antes de parar de tentar se enganar e abandonar logo de uma vez a música. Tinha desistido da guitarra, assim como do teclado um pouco antes, porque não tinha o menor talento. Sua personalidade extremista sempre fez com que o conceito de hobby fosse um pouco turvo pra ela. Suas desistências musicais param por aí, mas segue uma lista grande de outras tentativas frustradas em variados campos. 

Comecemos com esportes. Seu primeiro esporte foi a natação. Começou aos dois anos. Aos 9 foi a 3ª melhor colocada resultado geral anual da sua cidadezinha. Parou de nadar aos 14 porque mudou de cidade. Às vezes ainda sente falta das horas e horas de silêncio na piscina. Até hoje o cheiro de cloro a faz sorrir. 

O futebol, Verônica tentou quando tinha 8 anos. Antes mesmo de completar 9 já tinha parado. Não conseguia administrar as competências de correr e chutar a bola ao mesmo tempo. Um pouco depois começou o tênis, mas dois meses depois de ter começado, teve que parar, porque o professor ia se aposentar. Ótima desculpa pra desistir. 

No handebol sabia que não iria longe, mas está por lá há quase 4 anos. É goleira. A parte que envolve os olhos roxos, gominhos de bola marcados pelo corpo e outros hematomas estranhos não a incomoda tanto assim. Agora parece que tem que parar e isso a rói por dentro, mas não há solução melhor, pelo menos não por um tempo. Teve também uma brevíssima passagem pelo Rugby, abreviada ainda mais por um ombro deslocado. 

Deixando o campo desportivo. Tinha tentado escrever, mas sucessivas notas vermelhas no colégio foram seu argumento, ou melhor, sua desculpa para desistir. Tentou desenho, mas mesmo depois de aulas e mais aulas, até bonequinhos de palito continuam tortos e feiosos. Nunca tentou cantar. Percebeu antes de tentar que não ia a lugar nenhum. Sua suposta voz de contralto só serviria para ser usada como instrumento de tortura avançado, do mesmo nível d’O Motoqueiro Fantasma do Nicolas Cage e de um CD do Kenny G. 

Cacete, é impressionante como aquela bosta de pedacinho de plástico vermelho, inútil ressecado e quebradiço conseguia ser a representação física de todas as coisas que ela tinha tentado, mas fracassado. Era a concretização da sua personalidade extremista, derrotista e comodista. Jogou a palheta no lixo e pensou em continuar a limpeza do armário. Em vez disso foi assistir a um filme e pensar na próxima coisa que poderia começar, pra acabar desistindo depois.

sábado, 2 de maio de 2009

Pensamentos Quase Conexos #1

Porque é que o nome da cor vermelha é parecido em muitas das línguas que derivam do latim, menos em português? Em italiano é rosso, em espanhol, rojo, em francês, rouge. Porque diabos vermelho, então? Rubro é até parecido, mas nem tanto assim. Vou buscar a etimologia da palavra mais tarde.

Etimologia é uma palavra legal, mas sempre tenho vontade de fazer um trocadilho: “De onde vem a palavra inseto? Hmmmmmm, vou fazer a entomologia da palavra!” Ha ha. Ok, a piada besta não foi muito boa mesmo...

Boa mesmo foi a frase na aula de espanhol. As frases, na verdade, porque o divertido termo apareceu em duas sentenças naquela aula. Uma das frases era: Se capturó 21 presuntos subversivos. A outra era Se mató a presunto falsificador. Presunto, em espanhol, significa suspeito, em português. Vem de presumir. Mas fica difícil não pensar em presunto, presunto mesmo, em português.

Na aula de ética falamos sobre o dilema de Heinz. Não consegui não pensar em Heinz, o ketchup. Sabia que o número 57 impresso no rótulo dos ketchups Heinz vem da época do inicio da companhia? Eram 57 variedades de produtos. Na verdade eram mais de 60, mas Heinz achou 57 um número de sorte. Pra quem comprava devia ser um dilema mesmo: como escolher dentre as 57 variedades disponíveis de, sei lá, picles?

Ontem fui comprar picles. Passei no mercado só pra isso. Não tinham57 variedades, mas tinham umas tantas. Tinha picles de pepino, de beterraba, de vegetais variados, de aspargos... Umas duas ou três marcas. Finalmente achei uma marca, a Hemmer, que tem bons picles. Crocantes, mas suculentos.

É ruim quando a gente espera comer um Serenata de Amor crocante e delicioso, mas quando dá uma mordida em vez de fazer croc, ou cruch, ele faz pffff. É decepcionante.

Decepcionante marcar uma viagem, fazer planos e ter que cancelar tudo por causa de uma prova idiota... Dá tristeza. E uma pontinha de culpa.

Vou ter que terminar tudo abruptamente. Minha culpa não ter pensado em como fazer isso quando comecei.



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Penélope, Olhos-Azuis e as 34 moedas no chão

Era uma manhã silenciosa de terça-feira. Ouvia-se só o barulho do ventilador de teto ligado na velocidade média e a respiração leve de Penélope. Às 5h30 o silêncio foi interrompido bruscamente: “You are the Dancing Queen. Young and sweet only seventeen. Dancing queen, feel the beat from the tambourine, oh yeah!” Que idéia besta, colocar uma música animada como despertador. Não se animou, só levou um susto mesmo. 

Caramba, eram 5h30 e ainda era noite lá fora. Penélope olhou pro Peixoto. Tinha inveja dele. Aquele peixe gordo só fazia dormir. Se sentia irritada, com raiva do mundo. Não tinha motivo. Era puro mau-humor. Seria um dia daqueles, sabe? Daqueles péssimos e irritantes. Tipo um daqueles dias em que se anda pela rua, tranquilamente e aí uma criancinha idiota (sempre tem uma criancinha idiota) grita desesperada: “Eeek! Mamãe, a mulher tem cabelo azul!” Não é uma merda quando isso acontece com a pessoa? 

Enquanto pensava sobre banalidades, Penélope perdeu a conta de quantas colheres de açúcar tinha colocado no café. Não se importou, afinal, sete colheres não deviam ser tão diferentes de duas... Será que tinham sido só sete? Hmmmm. O café terminou ficando bem esquisito. 

Sentiu um cheiro estranho. Ah, não. Fumaça! A porcaria da torrada tinha virado carvão. Guardou a torrada na geladeira. Mais tarde ela serviria de adubo pra Nemo, o cacto, ou de comida pra Peixoto, o peixe. 

No caminho pro ponto de ônibus ouviu música. Às vezes passava a irritação. Paula, George e aquele outro cara que ninguém lembra o nome cantaram: “Vem amor que a hora é essa. Vê se entende a minha pressa...” É, se nem Kid Abelha animou é porque a coisa tava feia. 

Chegou ao ponto de ônibus às cinco pras sete. O ônibus passava às 7h03. Estranho, Não tinha nenhum rosto familiar esperando o ônibus. Uma mulher falava alguma coisa do outro lado. “Que coisa, esse ônibus! Quando não atrasa, adianta! Agora é esperar o de 7h26, fazer o que...” 

Santa falta de sorte, Batman. Penélope esperaria, então. Não que tivesse muita opção... Às 7h19 ela o viu. Não o ônibus, mas o Olhos-Azuis. Precisava ser melosa e lírica por uns minutos. Ele tinha olhos de um azul claro quase transparente. A luz oblíqua e suave da manhã batia nos seus olhos, que brilhavam como duas águas marinhas perfeitamente lapidadas. As sobrancelhas escuras e fortes contrastavam com os olhos suaves. Os cabelos pretos caiam de leve sobre a testa. Os dentes eram perfeitos e brancos, a pele morena.

Quando Olhos-Azuis caminhou em sua direção Penélope ficou meio abestada, literalmente boquiaberta. Ele parou em pé ao seu lado. Seus olhos tão azuis olhando no fundo dos olhos dela, tão pretos. Ele entrelaçou os dedos pelos cachos azuis dos cabelos dela. Ela passou a mão pelos seus cabelos pretos. A beijou com firmeza, empurrando-a de leve contra a lateral do ponto de ônibus. Beijou sua nuca, murmurou palavras doces em seu ouvido... 

Patético, Penélope, patético! Envergonhada pela sua imaginação excessivamente ativa, Penélope tossiu de leve, abaixou a cabeça para tentar disfarçar o rubor das bochechas, coloco o cabelo atrás da orelha, pôs as mão nos bolsos e ficou torcendo os pés. A sua rotina do embaraço. Não tinha chances nem de falar com o rapaz...  

Finalmente o ônibus chegou. Quando foi subir, tropeçou e caiu. Todas as dezessete moedinhas de cinco centavos, seis de dez centavos, cinco de um centavo e uma de cinqüenta centavos rolaram pelo chão do ônibus. Trinta e quatro moedas espalhadas e desgovernadas. 

“Pode deixar, eu pago pra você.” Olhos-Azuis estava falando com ela. Que coisa! Recolheram o maior número possível de moedas. Ele sentou no banco ao lado do seu. Conversaram. Francisco. Esse era seu nome. Aquela terça-feira saíram pra comprar biscoitinhos de baunilha, os preferidos de Penélope. E assim o fizeram por muitas e muitas outras terças-feiras.

 

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sonho Dourado

Luzes, flashes, gritos, câmeras, gente gritando e chamando! Não me chamando, mas chamando pelas outras pessoas ali em volta, todos aqueles astros Hollywoodianos. Não me chamavam porque não me conheciam. Compreensível. Devia ter sido atriz. Faltou só o talento. Mas quem sabe esse não seja só o começo? Um dia eu posso ser tão grande quanto Spielberg, quem sabe Lucas... Esses grandes de Hollywood... 

Sentia o macio tecido azul do meu vestido contra minha pele. Me sentia feliz. Pode parecer bobo e simplista, mas sempre tinha sonhado que seria indicada para um Oscar um dia. Seria o Oscar de Fotografia ou Direção. Acabou sendo de Fotografia mesmo. Era estranho olhar em volta. Era diferente do que eu imaginava aos 18 anos. Sentados à minha volta não estavam Hugh Jackman, Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Nicole Kidman, Cate Blanchett, Kate Winslet... Com meus 43 anos sentava em meio a grandes estrelas de 25, 30 anos de idade, estrelas que mal tinham nascido quando eu começava minha “carreira cinematográfica”, no primeiro ano de faculdade, e com ela surgiam meus sonhos absurdos de concorrer a um Oscar. Não eram os meus antigos heróis. As estrelas do “meu tempo” estavam agora com 60, 70, 80 anos. Alguns já nem estavam mais. 

Quando anunciaram os indicados para fotografia eu pensei que meu coração fosse explodir. Já não era mais uma jovem moçoila, não sei até onde agüentaria sem ter um colapso. Ok, talvez estivesse exagerando, mas estava muito nervosa. Tão nervosa que nem percebi quando falaram meu nome, com aquele sotaque que eu já conhecia bem, de anos e anos atrás: “And the Oscar goes to: E-na Flah-vea!” 

Quem me entregava a estatueta era Drew Barrymore. Na minha época uma simples atriz de comédias românticas, tinha se tornado uma das maiores estrelas de Hollywood de todos os tempos. Sempre gostei muito dela. “Parabéns, Ms Andrade! Sou uma grande fã do seu trabalho” ela disse em meu ouvido quando me entregou minha estatueta dourada, meu sonho dourado. Talvez fosse procedimento padrão dizer esse tipo de coisas, mas fiquei lisonjeada de verdade. 

Eu tremia na hora de agradecer. Chorei um pouco. Finalmente poderia usar aquele agradecimento que há tanto tempo planejava! “Não vou ficar aqui agradecendo milhares de pessoas que ninguém conhece. As pessoas que me ajudaram sabem quem elas são e sabem que eu serei eternamente grata e sabem também que eu vou agradecer a cada uma delas pessoalmente. Agradeço então a James Cameron, Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e toda a equipe de Titanic. Quando eu assisti àquele filme aos 8 anos de idade no,  em inglês com legenda em Japonês, não entendi uma só palavra, mas assim mesmo o filme me tocou profundamente. Espero um dia poder fazer um filme que signifique tanto para alguém quanto Titanic significou para mim. Um filme que transcenda as barreiras lingüísticas e toque os corações das pessoas...”

Meu agradecimento estava começando a ficar longo. As pessoas aplaudiam frenéticas e a música que (nada) sutilmente cortava os discursos de agradecimento estava prestes a tocar, eu sabia disso. Mas em vez da música ouvi batidas secas. 

BUM! BUM! BUM! 

— Minha filha! Sai desse banho! Você ta aí há quase 40 minutos! Vai acabar com a água do planeta! 

Então coloquei o vidro amarelo-ouro-quase-dourado de shampoo na prateleira, desliguei o chuveiro e fui assistir Titanic.