terça-feira, 2 de junho de 2009

Marina, o carro estragado e o castelo

“Era a noite fria e lúgubre de uma sexta-feira, 14 de agosto. Chovia muito e por isso quase não se via a estrada, exceto por cada vez que um raio cruzava o céu. O vento puxava e empurrava o carro e era difícil dirigir. Só se ouvia achura batendo com força no teto e nos vidros do carro e um ou outro trovão forte o suficiente para superar o barulho da chuva.

‘Pelo menos hoje não é sexta-feira 13.’, pensou Marina depois de olhar o relógio digital seu seu carro. A chuva deixava Marina um pouco nervosa, porque ela não conhecia a região da estrada. De repente seu carro começou a agir estranhamente. Não respondia aos comandos de acelerar. Encostou o carro em uma área maior do acostamento, ligou o pisca alerta e cuidou de todos aqueles procedimentos de segurança, triângulo, galhos... Resolveu sair para buscar ajuda.

Enquanto Marina andava pela beira da estrada, mentalmente chamava a mãe do mecânico do seu carro de uns nomes não exatamente agradáveis. Cada vez que via um raio pensava que talvez pudesse ser um carro que se aproximava. Caminhou por milhões quilômetros, ou assim lhe pareceu, tiritando de frio. Ao virar uma curva da estrada avistou um castelo misterioso em una montanha. ‘Salvação’, murmurou Marina para a chuva, que tragou suas palavras sem piedade.

A subida para o castelo não foi fácil, o terreno era íngreme e a chuva tinha feito a terra virar lama, mas Marina conseguiu chegar à porta. Ao entrar notou que a porta rancia fortemente. Sentiu um tremor estranho percorrer todo seu corpo. ‘Deve ser o frio’, pensou. Observou atentamente o interior do castelo, mesmo que, na verdade, tivesse medo do que pudesse acabar por ver. Parecia que não havia coisa ou pessoa alguma ali, então Marina partiu a explorar.

Subiu as intermináveis escadarias com um medo que crescia em seu peito a cada degrau que subia. Quando terminou de subir a escadaria, se deparou com uma porta. Antes de abri-la, parou por uns instantes, como se buscasse coragem. Empurrou a porta e encontrou apenas salas e mais salas, todas abandonadas e vazias, exceto por ratos que habitavam os cantos com seus ninhos e aranhas que teciam suas teias pelo teto. Todo o lugar cheirava a umidade e abandono.

Mas em um piscar de olhos todo o ambiente se iluminou e uma música de órgão começou a tocar ensurdecedoramente. Marina se assustou e gritou quase tão alto quanto a música. O grito de Marina pareceu despertar hordas de morcegos ensandecidos. Voavam como loucos e se…”

— Cara, mas que história previsível…
— Não gostou?
— Nem terminei de ler. Já sei como vai terminar. Um vampiro vai aparecer do nada e atacar a menina, não é?
— Na verdade, não, não é.
— Ah, não?
— Não, não é, tá? Não aparece um vampiro. Quem surge é o vampiro! É Nosferatu, Phantom der Nacht!!!
— Não deixa de ser um vampiro.

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