quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ela é brasiliense

Aquela sexta-feira quando Samanta acordou, às 6h03, sentiu vontade de chorar. Estava cansada, o sono atrasado há vários dias. Quando fez uma passagem mental pela sua agenda para aquele dia percebeu que só poderia dormir de novo às 22h ou talvez mais tarde. Não havia nenhum tempinho, nem mesmo para um cochilo depois do almoço.

Às 6h10 desligou a chave do chuveiro e deixou a água correr. Um banho frio ajudaria. Depois de se vestir, às 6h40 tomou uma caneca e meia de espresso. Cafeína ajudaria. Olhou o relógio, 7h06. Estava atrasada. O ônibus passaria às 7h18 e a caminhada de sua casa até o ponto era de 9 minutos.

Chegou três minutos antes do ônibus. Suas aulas daquele dia transcorreram normalmente. Nada fora do comum aconteceu. Voltou para a casa no ônibus das 19h23. Desceu no ponto às 20h48, chegou em casa às 20h57.

Pensou sobre o que jantar por aproximadamente 4 minutos. Não queria cozinhar. Abriu a geladeira e olhou. Nada de interessante. Olhou de novo. Ali, bem atrás do pote de picles estava um pãozinho de banana com canela. Era o último dos seis que havia comprado no domingo.

Samanta sentiu uma felicidade infantil, até um pouco tola, ao ver aquele pãozinho. Pegou um prato e esquentou seu pãozinho no microondas por 38 segundos. Aquele foi o seu jantar: um pãozinho quente de banana com canela e um copo de chá gelado sabor pêssego. Ainda sentia um pouco de fome, mas não se importou de verdade. Lavou a louça às 21h25. Tinha prometido a si mesma: sempre lavar tudo assim que terminasse de usar. Poupava o esforço de ter de lavar pilhas de louças mais tarde.

Ligou o computador às 21h31. Precisava responder alguns emails e terminar um trabalho. Terminou o que tinha para fazer às 22h34. Sentia-se um pouco só. Pensou em telefonar para alguém só para conversar por uns minutos, ou talvez convidar para assistir Procurando Nemo, quem sabe Titanic. Desistiu de ligar. Era uma sexta-feira à noite, todos tinham planos e companhia. Ela não figurava nem como companhia nem como parte dos planos de ninguém. Pensou então em assistir aos filmes sozinha, mas desistiu de novo. Estava cansada.

Às 22h44 se deitou na cama. Às 22h47 já dormia. Dormiu um sono pesado. Acordou com o barulho do despertador exatamente na mesma posição em que tinha adormecido.

Aquela sexta-feira quando Samanta acordou, às 6h03, sentiu vontade de chorar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu gingersnap!