quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fria essa cidade de Brasília

A cidade é planejada, mas a cidade é gelada. Frio o ano inteiro, seja agosto, seja janeiro. Em plenos 15º de latitude sul o frio é mais forte que nos 50º de latitude norte. Não dá pra entender, não consigo imaginar o porquê. O frio polar te bota pra pensar.

Queria saber o que traz esse frio azul pra cidade em que tudo se transforma em alvorada, toda sua branca monumentalidade alaranjada. Os nativos se acostumam com espaços abertos cheios de ar. Talvez seja uma influencia meio subliminar. Cada um é o grupo de si mesmo, gostam de autonomia. Não gostam de ninguém por perto, dá claustrofobia. 

Na Brasília glacial os desavisados se tornam bonecos de neve em potencial. Sem tempo de reagir, se congelam sem nem sentir. Os mais atentos percebem pouco antes de virar picolés do cerrado e lutam bravamente pra manterem-se aquecidos ante o frio desgraçado. Sofrem com a friagem constante, o vento gelado e cortante, cruel, vindo de toda parte, até do exuberante céu. 

Brasília é difícil, inacessível. Tal como sua cidade, os brasilienses são tão acessíveis quanto o topo do Everest ou os becos remotos de Bucareste. 

Sei bem que quase ninguém se sente assim, mas não faz mal, esse era pra ser um monólogo, então resolvi falar de mim. Não sei sobre todo o mundo, melhor não generalizar, mas meu próprio mundo seria melhor se Brasília não fosse uma cidade com corações de clima polar.

 

 

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