sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Verônica e os pensamentos espalhados

Verônica estava confusa e não sabia o que dizer, o que fazer, com quem convesar, em quem confiar.
Há um tempo tudo lhe incomodava e soava errado, assim. Mais que de repente tudo se resolveu e seu mundo era perfeito. 
Por motivos desconhecidos seus pensamentos estavam de novo espalhados pela cabeça como as mil peças de um quebra-cabeças atirado do oitavo andar. 
Precisava de elementos específicos, mas quando os conseguia, se irritava. É certo que o problema era com ela. Não tinha motivos, mas estava cada dia se tornando uma pessoa pior. Sentia que irritava todos a sua volta e se irritava também. 
Estava se tornando intolerante. Diferenças de opinião a deixavam incomodada e defensiva.
Talvez seja por causa daquela sua mania infeliz de gostar mais dos outros do que eles gostam dela. E de gostar mais dos outros do que de si mesma.
Tinha que ser menos estúpida, menos intragável, menos insuportável. Podia ser mais doce.

Aos poucos Verônica aprendia a separar as coisas que aconteciam e considerar que as pessoas são diferentes em situações diferentes. Era extremamente tolerante com determinadas coisas, mas talvez porque fosse muito ignorante. "Minha tolerância vem da minha ignorância.", pensou. "Que legal. Ainda rima." Esperava estar certa, mas talvez não.

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